Durante a execução das obras, conforme relata o Caderno do Centro de Estudos de Ação Social, ruas e casarões tiveram suas estruturas inteiramente reformadas. Na década de 90, quando a reforma foi iniciada nas ruas do Maciel de Baixo, Maciel de Cima e Ladeira do Ferrão, muitos moradores que habitavam suas residências dos séculos XVIII e XIX foram obrigados a deixar o local em que residiam. Para tentar amenizar a situação, o Ipac ofereceu uma indenização, uma relocação definitiva e/ou uma relocação provisória.
Diante dessas opções, o destino da maioria das famílias foi aceitar a indenização oferecida, não condizente com os valores dos antigos imóveis e insuficientes até mesmo para a aquisição de novas moradias à altura daquelas em que residiam. Em matéria veiculada no jornal A Tarde em 2004, o Ministério Público Estadual criticou a atuação do Estado.
“Na avaliação do órgão, as relocações disfarçam uma política de assepsia social da área, ou seja, os poderes públicos afastam a camada mais pobre do Pelourinho através de indenizações consideradas irrisórias entre R$ 1.400 e R$ 2.800”.
(A TARDE, 2004).
A primeira etapa das obras de restauração do Pelourinho foi finalizada em 1993, durante o governo de Antonio Carlos Magalhães, e foram recuperados 109 imóveis sendo que 344 famílias foram relocadas. A partir daí, começou uma série de intervenções que se estende até hoje, cuja justificativa é a melhoria do ambiente urbano para o desenvolvimento da economia local e a atração de uma maior quantidade de turistas. Para que este fim fosse atingido, todos os meios eram justificáveis. Portanto, como parte do processo de embelezamento cultural, o que se viu foi a exclusão das famílias pobres e a elitização do Centro Histórico de Salvador.